Foto: Manuela Balzan (Arquivo Diário)
Na sexta (27), no dia que marcou os 10 anos da tragédia da boate Kiss, Santa Maria registrou um tumulto em uma casa noturna provocado pelo uso de spray de pimenta e ao menos três ocorrências de fogo na cidade. Uma casa foi destruída pelas chamas na Vila Arco-Íris, uma agência bancária sofreu um princípio de incêndio e foi de uma rede de energia pegar fogo. Esses três casos reforçam a importância de cuidados em espaços de grande movimentação e também com as instalações elétricas.
Leonel Pacheco, de 60 anos, que perdeu a irmã Sandra na Kiss, é eletricista há 42 anos e alerta para o perigo que são as ligações elétricas muito antigas ou mal-feitas. Ele diz que é comum encontrar redes elétricas feitas há 50 ou 60 anos e que nunca foram revisadas ou trocadas. Com isso, oferecem grande risco, por conta de fios desencapados ou disjuntores velhos, que não se desligam em caso de curto-circuito, como deveriam, e potencializam um incêndio. Outro risco é a possível sobrecarga da rede, já que a fiação de uma casa antiga não era preparada para suportar tantos equipamentos como há hoje, como chuveiros mais potentes e ar-condicionados.
— Semana passada, fui numa casa que tem 50 anos. A fiação estava muito precária. Esse material elétrico já está exaurido, vem de outro padrão e outra época. Subi no telhado e vi que tinha fios desencampados perto de forrinho de madeira. Se desse um curto-circuito, pegava fogo em tudo. E morava uma idosa lá. Canso de ver residências com fiação assim. Só não dá mais problema porque os disjuntores novos desarmam em caso de curto, mas ainda há casas com disjuntores antigos, que não funcionam mais direito. Outras pessoas trocam o poste, por exigência da empresa de energia, mas esquecem de trocar a fiação de dentro da casa ou deixam para depois — diz Leonel.
Ele sugere que as pessoas peçam para profissionais fazerem revisão nas redes elétricas de casas e prédios, principalmente os mais antigos. E faz um apelo para que a população não faça ligações de energia de forma precária, como ocorre em muitos locais.
— Em novembro, em um bairro da cidade, houve dois incêndios de casas que foram destruídas pelo fogo. Lá, pessoal puxam um fio direto da rua, sem disjuntor nem nada. Na segunda-feira, confira uma entrevista com o engenheiro eletricista e professor da UFSM Tiago Marchesan, em que ele dá orientações importantes sobre cuidados com fiação e rede elétrica. Ele vai orientar a cada quantos anos a fiação precisa ser revisada e citar os principais erros cometidos e que podem provocar incêndios devido à sobrecarga de energia.
Relembrando: informação salva vidas. Muita gente não sabe dos riscos que está correndo.
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